A explosão do caravanismo no mundo, principalmente nos EUA e Europa acabou se refletindo no Brasil de algumas maneiras. Em países com essa tradição – na Europa destacam-se Inglaterra, Portugal, Espanha e Itália – o fenômeno da Pandemia fez com que muitas pessoas entendessem que viajar dessa maneira e poder estar mais isolado do que num hotel seria a melhor e mais saudável opção.
Para quem não está familiarizado com o termo “caravanismo”, trata-se da utilização para lazer de trailers, motorhomes, campers e mesmo as barracas de teto, são conhecidos pelo termo “RV’, do inglês, “Recreational Vehicles” ou por aqui, veículos de recreação.
Como resultado dessa explosão, as vendas aumentaram de maneira exponencial, pegando a indústria principalmente americana de surpresa, e literalmente acabando não só com os estoques, mas com os insumos que essas fábricas utilizam. Um bom exemplo foi no início de 2021 quando no auge dessa “crise”, trailers da mesma fábrica, ano e modelo, eram entregues ao comprador com janelas e portas de diferentes tipos e marcas, porque os estoques dos fornecedores se esgotavam e os fabricantes tinham que comprar o que estivesse à mão. As fábricas compravam tudo o que havia pela frente e muitas não tinham nem lugar para guardar seus estoques, empilhando janelas e portas nos seus pátios ou construindo galpões às pressas.
No Brasil, cuja indústria ainda engatinha e se esforça para construir ou importar os veículos de recreação com qualidade, os reflexos foram menores, mas igualmente problemáticos: mesmo com um público consumidor bem menor, a capacidade fabril chegou ao limite e alguns fabricantes ainda pedem pelo menos seis meses para entregar e a maioria (fofoca!), atrasam a entrega porque acaba tendo problemas com fornecedores, mão de obra e outros problemas típicos do nosso país tupiniquim. Mesmo assim, o Ministério do Turismo estima hoje um número de 40 mil veículos de recreação no Brasil.
Mas nem tudo é problema e descompasso por aqui: muita infraestrutura e boas novidades também vieram – com a devida licença do trocadilho – “a reboque” com esse aumento de RV’s. Novas lojas, serviços especializados, equipamentos e campings surgem a cada dia, movimentando o setor. Entre as boas novidades, o surgimento no Brasil de uma ideia americana não tão nova, mas que por aqui é novidade: o clube caravanista. Esses clubes são comuns nos EUA, reunindo adeptos em torno de propostas como viagens, vantagens, descontos e informações relevantes para os membros.
Por aqui foi criado o “Clube Irmãos da Estrada” (http://iestrada.com.br). A partir do pagamento de uma anuidade, o associado tem desde assessorias jurídicas e de viagem, até descontos, parcerias estratégicas e podem participar de expedições e encontros especialmente preparados para eles. Ao se associar, o cliente recebe em casa um kit de boas vindas numa caixa pintada por um artista convidado contendo uma camiseta bordada com o logotipo do clube, um adesivo resinado e alguns brindes, passando a usufruir dos benefícios do clube que está finalizando um APP. Em breve os sócios terão o clube no celular.
A principal vantagem para o associado do Clube Irmãos da Estrada é ter apoio nas suas viagens. “Alguém precisa trabalhar para os outros se divertirem”, disse Diana Melchheier, sócia da empresa. “Nossa experiência de mais de 15 anos entre associações, eventos e administração de pessoas trouxe muito da expertise que utilizamos hoje no Clube”, completou Diana.
De fato, o Clube trabalha levantando roteiros, pontos de apoio e estando em contato 24h durante as viagens dos associados para qualquer emergência. Paula Ribeiro, sócia que acaba de chegar da Patagônia numa viagem que fez sozinha, acompanhada apenas de seus dois cachorros da raça Schnauzer comentou: “Eu aprendi demais com vocês. Esse apoio durante a viagem dá uma segurança legal pra gente durante a viagem”. Além de acompanhar a viagem, o Clube Irmãos da Estrada providenciou a lista de documentos necessários e as informações que ela precisava para passar a fronteira. “O mais complicado foi conseguir o CRLV do veículo em papel. O carro dela é zero, e o Brasil não emite mais o documento em papel, só o digital. A polícia de fronteira argentina não estava aceitando apenas mostrar o celular, nem a impressão em sulfite que o APP oficial emite. Mas conseguimos resolver e ela não teve problemas”, explicou Diana.
Em julho próximo, os associados seguirão numa expedição do Clube Irmãos da Estrada para um circuito em Minas Gerais especialmente preparado para os sócios, passando por Capitólio, pelo Parque Nacional da Serra da Canastra, Tiradentes, Ouro Preto e Mariana, visitando queijarias artesanais e alambiques mineiros. E com direito a degustação de vinho, marshmallow na fogueira, sarau literário à luz de tochas, rádios walkie-talkie para comunicação entre os participantes e muitas outras atividades divertidas.
Mensalmente o clube edita uma revista digital (a edição de março pode ser baixada neste link) para divulgar não só as atividades dos associados, mas o caravanismo como atividade.
Ricardo Amatucci é jornalista, caravanista e CEO do Clube Irmãos da Estrada
Link para a revista:https://drive.google.com/file/d/1K94l7hbq8SuFMoSpyhqK6m5RWyLpdfT-/view?usp=sharing