Estamos em 2022 e apesar de diversos avanços na sociedade, o preconceito com mulheres no trânsito é algo que, infelizmente, ainda se faz bastante presente.
São ofensas, piadas e comentários desagradáveis que, de uma forma ou de outra, atingem inúmeras mulheres todos os dias.
E isso acontece não só no Brasil, mas em outras partes do mundo também.
Por exemplo, você sabia que na Arábia Saudita as mulheres só foram permitidas a dirigir a partir de junho de 2018? Pois é, até então, elas eram proibidas por lei.
Por isso, lutar contra essas situações e esses preconceitos é algo extremamente importante a se fazer.
Não se deve haver mais espaço para expressões e frases machistas como “tinha que ser mulher”, “vai pilotar fogão” e “mulher no volante, perigo constante”.
É necessário dar um basta nisso. Até porque, o preconceito enfrentado por mulheres no trânsito, é uma barreira que deve ser quebrada para se chegar a igualdade.
A luta diária de mulheres no trânsito
Segundo uma pesquisa feita pela Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), dois milhões de brasileiros têm medo de dirigir, sendo que 80% são mulheres, um número bastante significativo.
O que acontece muitas vezes, é que as mulheres até chegam a tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), porém, por conta de julgamentos, preconceitos, traumas e medo, elas acabam desistindo de assumir o volante.
Além disso, quando falamos em preconceito contra mulheres no trânsito, é importante ressaltar que isso também se deve a um conflito de gerações.
Atualmente, o papel da mulher na sociedade, bem como a sua forma de viver, é diferente de décadas atrás. Hoje, as mulheres têm muito mais autonomia, liberdade, independência e presença.
E aquela visão de que as mulheres têm que ficar em casa, fazendo tarefas domésticas e cuidados dos filhos, está cada vez mais ultrapassada.
Hoje, a realidade é outra, e essa mudança, para muitos, é vista com preconceito e até mesmo como um afrontamento — levando a ofensas, xingamentos e comentários muitas vezes desrespeitosos e agressivos.
Questão cultural
Algo que está enraizado em nossa cultura, é que o gênero feminino é mais frágil, delicado e até mesmo fraco, e que há “coisas de mulher” e “coisas de homem”.
E tais estereótipos e pré-conceitos, ainda estão presentes em muitas famílias, passando de geração em geração.
Basta refletir sobre sua infância. Quando você era criança, era comum que meninos ganhassem brinquedos como carrinhos e bolas, e meninas ganhassem bonecas, não é verdade?
Pois então, desde cedo os meninos têm algum tipo de contato com carros, enquanto que, na maioria das vezes, as meninas não.
Normalmente, não há muito incentivo e até mesmo apoio em relação a isso. E quando essas meninas crescem e se tornam adultas, costumam sofrer com comentários e julgamentos de que “aquilo não é para ela”.
Por isso, é essencial que a liberdade e a educação sejam sempre incentivadas e trabalhadas de modo que tais comentários e julgamentos passem a não existir.
Assim, as próximas gerações poderão ser mais conscientes, respeitosas e, principalmente, menos preconceituosas.
O carro como meio de trabalho
Muitas mulheres utilizam o carro para situações do dia a dia, para ir trabalhar, levar os filhos na escola, passear, viajar e assim por diante.
Porém, cada vez mais há mulheres que utilizam o carro como meio de trabalho.
Isso porque, atualmente, existem mulheres que trabalham, por exemplo, como motoristas de aplicativo (Uber, 99, etc.), como taxistas e também como motoristas de testes, caminhoneiras e motoristas de ônibus.
Ou seja, hoje em dia as mulheres estão muito mais presentes nas ruas, estradas e rodovias pelo país, e aquele preconceito de “mulher no volante, perigo constante” é algo que precisa ser deixado para trás.
E essa frase, preconceituosa e desrespeitosa, pode muito bem ser atualizada para: mulher no volante, empoderamento constante!
Um pouco de história
Para finalizar o artigo, nós separamos neste tópico um pouco da história de algumas mulheres que marcaram seus nomes no mundo automotivo:
Bertha Benz
Bertha Benz foi a primeira motorista e piloto de testes da história.
Bertha, em 5 de agosto de 1888, saiu com o Benz Patent-Motorwagen, criado por seu marido Karl Benz, e percorreu uma distância de mais de 100 km até a casa de sua mãe.
No caminho, enfrentou diversos desafios e obstáculos, visto que o automóvel não estava preparado para uma viagem tão longa.
Porém, com seus conhecimentos e habilidades mecânicas, Bertha conseguiu concluir o trajeto e divulgar o automóvel que ela ajudou a desenvolver com seu marido.
Florence Lawrence
Nascida no Canadá, Florence Lawrence foi uma grande atriz e entrou para a história automotiva como a criadora das setas e da luz de freio.
Florence, que era casada com um vendedor de automóveis, desenvolveu uma dupla de bandeirinhas para serem fixadas atrás dos para-lamas.
Quando ativada por botões elétricos dentro da cabine, uma bandeirinha se levantava, indicando a direção da curva a ser feita. Na traseira, uma placa com a palavra “stop” era ativada automaticamente quando o pedal de freio era utilizado.
Mary Anderson
Nascida em 19 de fevereiro de 1866, nos Estados Unidos, Mary Anderson foi responsável por criar os limpadores de para-brisa.
Em uma viagem de bonde que fazia em Nova York durante o inverno, Mary observou que o condutor do veículo tinha que parar por diversas vezes para limpar o para-brisa.
Sendo assim, a norte-americana começou a pensar nesse problema e como ele poderia ser resolvido.
A solução? Ela criou um braço metálico revestido por uma borracha resistente, com um dispositivo que o movia a partir do interior do carro.
Duquesa Anne d’Uzés, Maria José Pereira Barbosa Lima e Rosa Helena Schorling
Para encerrar, separamos três mulheres que foram as primeiras a conseguir habilitação para dirigir em seus países.
A primeira delas foi a Duquesa Anne d’Uzés, em 1898, na França. E no Brasil, em 1932, Maria José Pereira Barbosa Lima e Rosa Helena Schorling tiveram essa honra.
E com base nessas histórias e nas reflexões apresentadas ao longo deste artigo, esperamos que você tenha se inspirado e se motivado para dirigir e para lutar contra este preconceito que atinge inúmeras mulheres diariamente.
Lembre-se: mulher no volante, empoderamento constante!